A liberdade que prendi

As lembranças podem ser perturbadoras se evitamos sua chegada e a presença de todos os sentimentos que as envolvem.
Abrir a caixa das lembranças exige esforço, não pode ser de qualquer jeito, ou "acho que vou fazer isso agora", é preciso estar pronto para se revirar por dentro, pois se isso não acontecer elas virão sem mandar recado.
É preciso parar de correr das lembranças e das marcas causadas pelos acontecimentos, pra enfim deixar curar de uma vez por todas, pra parar de latejar quando algo faz lembrar a ferida, pra parar de maquiar o sentimento com um sorriso bobo de "eu não me importo mais com isso", para poder sentir de novo a dor e perceber que ela já não te controla mais e que já não faz mais nenhum sentido prender-se a ela, para se conhecer melhor por dentro, para redescobrir o amor e a capacidade de perdoar, para enfim (e de-uma-vez-por-todas) ser definitivamente livre.
Livre pra amar com a mesma capacidade de antes e quem sabe ainda mais, livre pra perdoar sem ser perturbado pelas lembranças, livre pra quebrar com as correntes, livre pra descobrir que existem coisas que ainda dão pra concertar, já outras precisam ir embora e temos que deixar ir e seguir sem olhar pra trás, livre pra ser L-I-V-R-E do tipo "isso não me incomoda mais" e sem culpa, sem ressentimentos, pra olhar sem sentir dor, pra perceber que você sobreviveu,  livre pra crescer.
Sim, crescer. Toda experiência produz um crescimento, um amadurecimento e chega uma hora que não dá mais pra ficar dando uma de criança agarrada com o palito do pirulito que já acabou e sim tomar uma atitude diante de si mesmo, deixar o palito de lado e aproveitar as doçuras da vida que estão ao nosso redor só nos esperando percebê-las. É o se entregar como antes, ou até mais mesmo se lançar com mais força por saber que existem coisas e pessoas que valem o nosso esforço. 
E então deixar cicatrizar,
deixar fechar,
deixar SARAR
e continuar.



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